quinta-feira, 4 de maio de 2017

Leitores em ação! #3

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Olá, preguiçosos!
Recebemos esse presente em forma de texto de uma amiga e decidimos compartilhar. Espero que gostem...


Sussurro
Numa noite qualquer, pedi algo ao destino. Ele não me respondeu no dia seguinte, nem no que se sucedeu, por isso continuei tentando. Tentei até me esquecer do que pedia e o simples conversar ser bastante.
Antes de virar jogo, aquilo virou costume. O costume de piadas, quando nos fazíamos rir por palavras que não tinham sentido em outro lugar algum, costume de adivinhações, quando eu mesma não sabia o que sentia, ou costume de luta, quando já estava acabada, jogada no chão da sala vazia, olhando para o teto como se ofegasse por apenas ser campo de batalha, fruto do discutir entre meu tudo e meu nada.
Depois desse tempo, como jogo bom que era, a nossa relação criou regras bem claras. Todas supérfluas, porque minha cabeça e corpo tinham poucos anos, e o destino gostava de brincar de criança. Mas uma era deveras importante para que nunca parássemos de jogar: não podia elevar a voz mais do que vinte decibéis de altura. Porque papai e mamãe sempre estavam em volta, cerca de meio metro de distância após, e eles tinham sonhos e planos de épocas diferentes dos que fazíamos em segredo.
O destino, gostando de como minha mente só se mudava sem envelhecer, desde então esteve sempre comigo. Gostava também de ser chamado de infinito, encantado, ou apenas o deus que fizesse de mim e vivesse em mim como sou.
Mas o mundo que desejava de mim mais decibéis e mais falares e mais do que eles eram, ou não eram dependendo do filósofo, porque era só o que queriam uns dos outros, foi chegando. E quanto mais chegava, mais não queria se achegar, ou cultivar, porque os enlatados estavam dispostos aos montes nas prateleiras dos supermercados. 
E por lá eu andei pequena e perdida, porque lá as leis insistiam em dizer que só podiam se aproximar dos outros aqueles que oferecessem tudo o que eu não mostrava ter, e a minha única  dizia que a voz só servia pra sussurrar ao pé do ouvido.
-Ludmilla Rios-
  
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