segunda-feira, 1 de junho de 2020

[RESENHA] Notas do subsolo


Olá, preguiçosxs!
Quem nunca teve uma crise existencial que atire a primeira pedra! Pois bem, hoje é dia de clássico, um livro repleto de reflexões filosóficas, psicológicas e espirituais.

  Em Notas do subsolo, Dostoiévski nos traz a figura de um homem, sem identificação. Ele possui uma vida bem simples, beirando a miséria, trabalha na repartição e tem um criado, ou melhor, um servo. O cenário é a Rússia czarista e em vários momentos o autor ressalta algumas características do contexto.

"Mas sobre o que o homem de bem pode falar com mais satisfação? Resposta: sobre si mesmo. Então, vou falar sobre mim."

  Bom, em relação ao enredo, o livro é divido em 2 partes, na primeira esse homem amargo, arrogante, invejoso e metido faz diversas reflexões, sempre interagindo com o leitor. Suas perguntas versam sobre comportamento, atitudes e existência, diretamente do "subsolo".

"Não apenas não consegui tornar-me cruel, como também não consegui me tornar nada: nem mau, nem bom, nem canalha, nem homem honrado, nem heróis, nem inseto."

  Esse homem - que tagarela bastante - , tem muita dificuldade de lidar consigo mesmo e seu "fracasso". Embora seja dotado de um humor cítrico e provocativo, o homem é infeliz. Isso fica bem claro na segunda parte, quando é narrado algumas situações que ocorrem em sequência: a ida a casa de um amigo, um jantar, o encontro com uma prostituta e a ida dela em sua casa.

"Conclusão final, senhores: é melhor não fazer nada! É melhor a inércia consciente! Pois, então, viva o subsolo!"

  Dostoiévski constrói um personagem universal. Ainda que possua características exageradas e tome atitudes exageradas, esse homem carrega questionamentos comuns. Ele é triste, está cansado e o autor transfere esse peso para nós leitores. Essa característica de Dostoiésvski de transmitir o sentimento - sobretudo os ruins - para o receptor me lembra Crime e castigo.

"E de fato agora eu mesmo estou colocando uma questão ociosa: é melhor uma felicidade barata ou um sofrimento elevado? Então, o que é melhor?"

  Admito que a primeira parte do livro é beeem maçante; as frases são longas e difíceis de compreender. A segunda parte é diferente, o enredo ganha dinâmica e a história fica mais interessante. Além disso, é impossível não sentir muita raiva do personagem principal, que age de maneira "contraditória" na maioria das vezes (mas nós não agimos assim?).
  Eu indico o livro para aqueles que possuem paciência e conhecem o autor. Embora seja pequeno, é maçante e difícil. Para os que não conhecem Dostoiévski, eu continuo indicando Crime e castigo (maravilhoso!). Até mais, beijos!

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